untitled


A expectativa era absurda, há 6 anos eu espero por um show do Interpol.

O Interpol foi a trilha sonora da minha mudança pro Rio de Janeiro. Quando cheguei aqui com uma mochila e um Discman, o “Turn on the bright lights” foi o único CD que trouxe. Independente disso a primeira vez que ouvi “Untitled” foi como um soco, demorei 2 dias para passar para “Obstacle 1” e assim por diante.

Apesar disso fui ao show com o pé atrás por alguns motivos:
Nao sou ultra fã do “Our love to admire”, acho um bom album com poucos highlights e ponto. Sabia também que as versões do show são bem fiéis às dos CDs, ou seja, não haveria nada de extraordinariamente novo para se ouvir. Some a isso o fato do show aqui no Rio ser na Fundição Progresso, um lugar conhecido pela péssima qualidade do som…eles também não iriam tocar minhas duas músicas preferidas “Untitled” e “Leif Erikson”.

Pânico, e no fim tudo caiu por terra. O show foi um dos melhores que eu já assisti.

Projeções começam no fundo do palco. Paul entra juntos com os outros e diz “Hey”… Daniel dedilha o início de “Pioneer to the falls” e 30 segundos depois todo mundo já canta em coro, quase não se ouve a voz de Paul. Surpresa, o som que estava péssimo para a banda de abertura, surpreendentemente está bom, nada maravilhoso mas se percebe cada instrumento e a voz com nitidez. No meio das microfonias do final de “Pioneer…”, Paul engata “Obstacle 1” e eu sinto o mesmo soco de 06 anos atrás.

A conhecida frieza dos membros da banda no palco é nítida no início do show, eles nao se olham, nao se falam, não há interação. Com o tempo – e o calor, talvez – os caras foram entrando no clima e não faltaram sorrisos para o público, até o Paul Banks conversou com o público algumas vezes, o que não acontece com frequência.


Sim, as versões são iguais ao CD mas eles estão ali, a poucos metros de voce. O show parece exaustivamente ensaiado, não apenas as músicas, mas cada gesto, movimento ou olhar; talvez seja uma atitude totalmente fake ou talvez eles realmente ainda sejam tão impactados pela musica como nós somos.

Surpresa, quando esperava por “The Scale”, ouço os primeiros acordes de “Leif Erikson”…ok, ok, o mundo pode acabar agora.

“Lighthouse”, pra mim a melhor música do último album, é absurda, emocionante, cortante.

Depois de algum tempo percebo que está pingando no palco. Sim, a fraca estrutura da Fundição Progresso revela goteiras…se para o público aquilo nao significava muito, a banda, preocupada, pede um tempo para que a chuva passe ou diminua. Paul explica a situação e depois Sam pede paciência para todos. Quase 20 minutos depois, o show recomeça e aí, totalmente diferente do início, os caras sorriem, brincam com o público, conversam entre si. Paul olha para Carlos e diz “They are Nuts!”. Yes friend, we are.

3 músicas no bis e “PDA” fecha o show. Chuva forte lá fora, era tudo o que eu queria. Mas não acabou.

A banda volta ao palco e começa “Untitled”. Vários filmes e estórias passam na minha frente. Pronto, alma lavada.

Carlos distribui beijos nas mãos dos fãs, depois percebe que aquilo nao ia dar muito certo e se limita a apenas mandar beijos, Daniel e Paul fazem o mesmo. Sam vai ao microfone e diz “Thank you for being here” e um “Obrigado”

Não poderia ser melhor.

Mas foi, depois disso tudo ainda ganhei na Loteria.

Mas a trilha sonora é que importa.

~ by theastronauts on March 18, 2008.

One Response to “untitled”

  1. Feliz…E rico!

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